
Um dia Frances chegou em casa encharcada e disse ter caído no riacho enquanto brincava com as fadas com quem tinha feito amizade. A mãe não se comoveu e castigou a filha.
Com pena da prima e melhor amiga, Elsie teve uma idéia, pediu emprestado a máquina fotográfica do pai e fotografou as fadas.
Para surpresa de todos, lá estava a imagem de Frances com quatro mulherzinhas aladas. Duvidando da fotografia o pai de Elsie deu-lhes outra chapa e elas voltaram com um segundo retrato, dessa vez mostrando Elsie sentada, chamando uma figura gnômica para vir sentar em seu colo. Convencidos de que a brincadeira já ia longe demais, proibiram as meninas de usarem a máquina e brincarem no riacho.
Com pena da prima e melhor amiga, Elsie teve uma idéia, pediu emprestado a máquina fotográfica do pai e fotografou as fadas.
Para surpresa de todos, lá estava a imagem de Frances com quatro mulherzinhas aladas. Duvidando da fotografia o pai de Elsie deu-lhes outra chapa e elas voltaram com um segundo retrato, dessa vez mostrando Elsie sentada, chamando uma figura gnômica para vir sentar em seu colo. Convencidos de que a brincadeira já ia longe demais, proibiram as meninas de usarem a máquina e brincarem no riacho.
Contudo, três anos depois a senhora Wright, mãe de Elsie, estava envolvida na Sociedade Teosófica, que dava credibilidade a fotos de espíritos, entre outras coisas. Ao assistir uma palestra em que fadas foram discutidas, ela lembrou-se das fotos e as entregou ao orador que tratou de passá-las a Edward Gardner, que levou as fotos muito a sério. Ele pediu a ajuda de diversos especialistas, e entre eles estava ninguém menos que Sir Arthur Conan Doyle, criador do célebre detective fictício Sherlock Holmes.
Doyle, diferente de seu famoso personagem, impressionou-se muito com as fotos e, mesmo sem ser um perito fotográfico, declarou-as como autênticas. Muitos atribuem o grande sucesso das fotos à credibilidade apaixonada que Doyle atribuiu-lhes, e dizia sobre como elas provavam que existia um outro mundo espiritual.
Curiosamente o próprio Gardner achou à primeira vista que as fotos fossem falsas. Sua opinião começou a mudar depois que notou que não havia sinais de dupla - exposição. Ele enviou as fotos à Kodak para análises, e as conclusões do laboratório citadas por Gardner não deixam de ser adoráveis:
1. Os negativos são uma exposição única.
2. As placas [naquela época usavam-se placas para os negativos, não filmes] não mostram sinais de falsificação, mas isso não pode ser tomado como evidência conclusiva de autenticidade.
3. A Kodak não estava disposta a emitir nenhum certificado a respeito delas porque a fotografia apresenta uma diversidade de processos e um operador perspicaz poderia tê-las feito artificialmente.
4. O chefe do estúdio disse ainda que achava que as fotografias devem ter sido feitas usando os aspectos do vale e a rapariga como pano de fundo; e então ampliando imagens dele e pintando as figuras; então tomando exposições de meia-placa e um-quarto de placa, com iluminação adequada. Tudo isso, ele concordou, seria um trabalho engenhoso e levaria tempo.
O fato dos negativos não terem sido forjados parece ter sido crucial para que Gardner e muitos outros acreditassem e atestassem que as fotos eram genuínas. Elas poderiam ter sido forjadas, mas deveria ter sido muito complicado e as raparigas eram só... crianças.
Gardner e todos defensores da autenticidade das fotos frequentemente ignoravam o facto de que Elsie tinha trabalhado em um estúdio fotográfico durante a guerra. Ela tinha muitos dotes artísticos, e usou diversas técnicas simples para forjar suas fotos.
Na edição de Março de 1983 de Science, as duas primas "confessaram que as fadas nas fotografias eram na verdade desenhos que Elsie tinha feito, recortado e prendido com alfinetes". Isto explica porque não havia dupla-exposição: as fadas estavam lá, mas eram de papel. Outras técnicas também teriam sido usadas, Elsie pode ter simplesmente recortado desenhos de fadas de revista e há pelo menos uma fotografia que evidencia uma clara dupla-exposição.
A confissão de 1983 não foi a primeira. Elsie e Frances, como em outros casos de fraudes simples que se tornaram muito famosas, sempre foram evasivas em relação ao tema. Ambas ainda insistem que realmente viram fadas, que apenas as fotos são forjadas. O facto é que elas conseguiram manter o tema e a controvérsia viva por décadas e enganaram todos que ousaram assumir que elas eram incapazes de fraudar qualquer coisa. Afinal, eram só crianças.
Doyle, diferente de seu famoso personagem, impressionou-se muito com as fotos e, mesmo sem ser um perito fotográfico, declarou-as como autênticas. Muitos atribuem o grande sucesso das fotos à credibilidade apaixonada que Doyle atribuiu-lhes, e dizia sobre como elas provavam que existia um outro mundo espiritual.
Curiosamente o próprio Gardner achou à primeira vista que as fotos fossem falsas. Sua opinião começou a mudar depois que notou que não havia sinais de dupla - exposição. Ele enviou as fotos à Kodak para análises, e as conclusões do laboratório citadas por Gardner não deixam de ser adoráveis:
1. Os negativos são uma exposição única.
2. As placas [naquela época usavam-se placas para os negativos, não filmes] não mostram sinais de falsificação, mas isso não pode ser tomado como evidência conclusiva de autenticidade.
3. A Kodak não estava disposta a emitir nenhum certificado a respeito delas porque a fotografia apresenta uma diversidade de processos e um operador perspicaz poderia tê-las feito artificialmente.
4. O chefe do estúdio disse ainda que achava que as fotografias devem ter sido feitas usando os aspectos do vale e a rapariga como pano de fundo; e então ampliando imagens dele e pintando as figuras; então tomando exposições de meia-placa e um-quarto de placa, com iluminação adequada. Tudo isso, ele concordou, seria um trabalho engenhoso e levaria tempo.
O fato dos negativos não terem sido forjados parece ter sido crucial para que Gardner e muitos outros acreditassem e atestassem que as fotos eram genuínas. Elas poderiam ter sido forjadas, mas deveria ter sido muito complicado e as raparigas eram só... crianças.
Gardner e todos defensores da autenticidade das fotos frequentemente ignoravam o facto de que Elsie tinha trabalhado em um estúdio fotográfico durante a guerra. Ela tinha muitos dotes artísticos, e usou diversas técnicas simples para forjar suas fotos.
Na edição de Março de 1983 de Science, as duas primas "confessaram que as fadas nas fotografias eram na verdade desenhos que Elsie tinha feito, recortado e prendido com alfinetes". Isto explica porque não havia dupla-exposição: as fadas estavam lá, mas eram de papel. Outras técnicas também teriam sido usadas, Elsie pode ter simplesmente recortado desenhos de fadas de revista e há pelo menos uma fotografia que evidencia uma clara dupla-exposição.
A confissão de 1983 não foi a primeira. Elsie e Frances, como em outros casos de fraudes simples que se tornaram muito famosas, sempre foram evasivas em relação ao tema. Ambas ainda insistem que realmente viram fadas, que apenas as fotos são forjadas. O facto é que elas conseguiram manter o tema e a controvérsia viva por décadas e enganaram todos que ousaram assumir que elas eram incapazes de fraudar qualquer coisa. Afinal, eram só crianças.
Nenhum comentário:
Postar um comentário